Você não pode trazer o novo para a sua vida; o novo vem. Você pode aceitá-lo ou rejeitá-lo.
Não há nada que você possa fazer para criar o novo, pois o que quer que faça pertencerá ao velho, será decorrência do passado.Mas isso não significa que você tenha que parar de agir. É agir sem desejo ou direção ou impulso vindos do passado - e isso é agir de modo meditativo. Agir espontaneamente. Deixe o momento decidir.
Você não impõe sua decisão, porque a decisão será fruto do passado e ele destruirá o novo. Você age de acordo com o momento, assim como uma criança. Abandone-se completamente ao momento - e você encontrará todos os dias novas aberturas, nova luz, novas introvisões. E essas novas introvisões continuarão a mudar você. O velho não mais subsiste, o velho não o envolve mais como uma névoa. Você é como uma gota de orvalho, fresca e jovem.
Esse é o verdadeiro significado da ressurreição. Se entender isso, você ficará livre da memória - da memória psicológica, quero dizer. A memória é uma coisa morta. A memória não é a verdade nem nunca poderá ser porque a verdade está sempre viva, a verdade é vida; a memória é a persistência daquilo que já não existe mais. É viver em um mundo fantasmagórico que nos limita, é a nossa prisão. Na verdade, esse mundo somos nós. A memória cria o embaraço, o complexo chamado "Eu", o ego. E, naturalmente, essa entidade falsa chamada "Eu" está continuamente com medo da morte. É por isso que você tem medo do novo.
Esse "Eu" é que tem medo, não é você. O ser não tem medo, mas o ego tem, pois ele morre de medo de morrer. O ego é artificial, é arbitrário, é construído. Ele pode se desintegrar a qualquer momento. E, quando o novo entra, surge o medo. O ego fica amedrontado, ele pode se desintegrar. De algum modo ele tem conseguido se manter, tem conseguido se conservar num só pedaço, e agora algo novo aparece - isso vai estilhaçá-lo. Eis porque você não aceita o novo com alegria. O ego não pode aceitar sua própria morte com alegria - como ele pode aceitar sua própria morte com alegria?
A menos que tenha entendido que você não é o ego, você não será capaz de receber o novo. Depois que tiver percebido que o ego é a sua memória do passado e nada mais, que você não é a sua memória, que a memória é só um biocomputador, é uma máquina, um mecanismo, um utilitário, mas que você é mais do que isso... você é consciência, não memória. A memória é um conteúdo da consciência, você é a própria consciência.
Para ser novo, é preciso que você deixe de se identificar com o ego. Depois que faz isso, você já não se importa se ele vai morrer ou viver. Na verdade, você sabe que, se viver ou morrer, ele de qualquer jeito já está morto. Ele é só um mecanismo. Use-o, mas não seja usado por ele. O ego está o tempo todo com medo da morte, pois ele é arbitrário, daí o medo. Ele não surge do ser; não pode surgir do ser, pois o ser é vida - como a vida pode ter medo da morte? A vida não sabe nada sobre a morte. O ego é fruto do arbitrário, do artificial, de algo que foi construído, do falso, do pseudo. E é justamente esse desapego, justamente essa morte do ego que faz um homem estar vivo. Morrer no ego é nascer para o ser.
(OSHO - Coragem - Editora Cultrix)
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