Nossa Senhora da
Conceição, padroeira do Reino.
Nas
cortes celebradas em Lisboa no ano de 1646, declarou el-rei D. João IV
que tomava a Virgem Nossa Senhora da Conceição por padroeira do Reino de
Portugal, prometendo-lhe em seu nome, e dos seus sucessores, o tributo anual de
50 cruzados de ouro.
Ordenou o mesmo soberano que os
estudantes na Universidade de Coimbra, antes de tomarem algum grau, jurassem
defender a Imaculada Conceição da Mãe de Deus. Não foi D. João IV o primeiro
monarca português que colocou o reino sob a proteção da Virgem; apenas tornou
permanente uma devoção, a que os nossos reis se acolheram algumas vezes em
momentos críticos para a pátria.
D.
João I punha nas portas da capital a inscrição louvando a Virgem, e erigia o
convento da Batalha a Nossa Senhora, como o seu esforçado companheiro D. Nuno
Alvares Pereira levantava à Santa Maria o convento do Carmo. Foi por provisão de
25 de Março, do referido ano de 1646, que se mandou tomar por padroeira do reino
Nossa Senhora da Conceição.
Comemorando este fato cunharam-se
umas medalhas de ouro de 22 quilates, com o peso de 12 oitavas, e outras
semelhantes, mas de prata, com o peso de uma onça, as quais foram depois
admitidas por lei como moedas correntes, as de ouro por 12$000 réis e as de
prata por 600 réis.
Segundo diz Lopes Fernandes, na sua
"Memória das Medalhas", que António Routier foi mandado vir de França, trazendo
um engenho para lavrar as ditas medalhas, as quais se tornaram excessivamente
raras, e as que aquele autor numismata viu cunhadas foram as reproduzidas na
mesma Casa da Moeda no tempo de D. Pedro II.
Acham-se também estampadas na
História Genealógica, tomo IV, tábua EE. A descrição é a seguinte: JOANNES IIII,
D. G. PORTUGALIAE ET ALGARBIAE REX – Cruz da ordem de Cristo, e no centro as
armas portuguesas. Reverso: TUTELARIS REGNI – Imagem de Nossa Senhora da
Conceição sobre o globo e a meia-lua, com a data de 1648, e nos lados, o Sol, o
espelho, o horto, a casa de ouro, a fonte selada e arca do santuário.
O
dogma da Imaculada Conceição foi definido pelo papa Pio IX em 8 de dezembro de
1854, pela bula Ineffabilis. A instituição da ordem militar de Nossa Senhora da
Conceição por D. João VI sintetiza o culto que em Portugal sempre teve essa
crença antes de ser dogma.
Em 8
de dezembro de 1904, lançou-se em Lisboa solenemente a primeira pedra para um
monumento comemorativo do cinqüentenário da definição do dogma. Ao ato, a que
assistiram as pessoas reais, patriarca e autoridades, estiveram também
representadas muitas irmandades de Nossa Senhora da Conceição, de Lisboa e do
país, sendo a mais antiga a da atual freguesia dos Anjos, que foi instituída em
1589.
No
Brasil é tradição montar a árvore de Natal e enfeitar a casa no dia 8 de
dezembro, dia de N.Sra. da Conceição.
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