Viver imerso em um turbilhão de sentimentos sufocantes, na solidão, cercado de pessoas, assim como viver, tentando entender e administrar tantos conflitos interiores, tornam o ser humano fechado, introspectivo, egoísta e, de forma aparente, enquadrado em outros adjetivos não muito elevados.
Somos surpreendidos, com frequência, pela doença, pela morte de entes queridos e por tantos revezes, causadores de uma dor tão profunda na alma, que ficamos incapazes de pensar a respeito dela, que dirá de falar no assunto.
Além disso, o compartilhar de dores e tristezas pressupõe encontrarmos a tolerância de nossos irmãos com o sofrimento ou a caridade, que muitas vezes se resume em ouvir com amor.
Entretanto, o que mais encontramos pela frente são opiniões, conselhos, julgamentos e conclusões. Algumas delas, de uma precisão cirúrgica, outras, entretanto, veladas e afiadas, ferinas mesmo, mais parecendo uma condenação proferida por algum tribunal de exceção.
Todos parecem ter uma receita perfeita para superação de momentos difíceis, nós é que "teimamos" em não ouví-los. Faça como eu! Dizem alguns. Eu faria diferente, dizem outros!Apreende-se, entretanto, com o passar dos anos, que por detrás de tantas impropriedades ditas e praticadas com a maior naturalidade, atrás de tantas palavras e atos, que parecem ser o que não são, encontramos, na maioria das vezes, seres humanos em conflito por causa de alguma fragilidade, ou do que entendem ser fragilidade.
Apreende-se, também, que os mesmos males que nos afligem, afligem os nossos companheiros de jornada, só que muitas vezes com sintomas diferentes. Quem nunca foi vítima de preconceito, orgulho ou prepotência? Quem nunca foi preconceituoso, orgulhoso ou prepotente?
A verdade que se escancara diante de nossos olhos, é que nos tornamos frágeis, justamente por não enfrentarmos nossas fragilidades, com a tranquilidade de quem sabe que todos somos iguais e que todos teremos que subir os mesmos degraus da evolução humana, porque Deus é justo e perfeito.
O que nos torna frágeis, é acreditarmos que poderemos parecer fortes, sem que o sejamos de verdade.
O que nos torna frágeis, é acreditarmos que somos superiores, quando abençoados pela abundância, seja material, intelectual ou moral, pois se recebemos este patrimônio, alguma missão temos a cumprir. (A quem muito foi dado, muito será pedido).
A nossa fragilidade se revela de forma incontestável, ainda, quando abençoados pela abundância, acreditamos que somos iguais, ou até superiores a Deus, detentores de poder ilimitado, inclusive, sobre os destinos alheios.
A verdadeira superioridade, entretanto, não convive de forma passiva, letárgica até, com as misérias intelectuais, morais ou materiais, pois neste caso não estamos diante de seres superiores, mas de egoístas e orgulhosos, que imaginam ser beneficiários de vantagens, somente para seu deleite intelectual, moral ou material, sem qualquer compromisso que não seja com eles mesmos.
Sem nenhum medo de parecer ignorante ou obcecada pela religião, sempre busquei auxílio para enfrentar as situações da vida, no Evangelho ou na Bíblia e me lembro agora, de uma passagem da Segunda Epístola de Paulo Apóstolo aos Coríntios:
E disse-me (o Senhor): a minha graça te basta, porque o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza. De boa vontade, pois me gloriarei nas minhas fraquezas, para que em mim habite o poder de Cristo. Pelo que sinto prazer nas fraquezas, nas injúrias, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias por amor de Cristo. Porque quando estou fraco, então sou forte. cap. 12, verss. 9 e 10.
Percebo, diante da magnitude moral destas palavras, é que tantas injúrias, perseguições e angústias, nada mais são do que a ausência do amor entre irmãos em Cristo.
O verdadeiro amor não é compatível com julgamentos, injúrias, orgulho, vaidade ou preconceitos. Se ainda agimos assim, e sem nenhum medo de parecer imperfeita, agimos, é porque ainda temos muito o que evoluir em amor e ainda não nos conscientizamos de que somos seres iguais, criados pelo amor e para o amor.
O verdadeiro amor, não se compatibiliza com falsos intelectualismos, pois sabe que estes são, na verdade, manifestações de orgulho e vaidade, nem com ostentações ou falsos moralismos, pelos mesmos motivos
Precisamos, na verdade, tomar consciência, o mais rápido possível, de que se estamos todos na mesma escola, para o mesmo aprendizado, não há doutores, mestres ou especialistas. Apenas, e tão somente, aprendizes da Grande Obra de Deus.
Agnes Sobbé
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