Miguel, o Arcanjo, é considerado o chefe dos exércitos celestiais e o padroeiro da Igreja Católica. É o anjo do arrependimento e da justiça. É comemorado pela Igreja Católica sob o nome de São Miguel Arcanjo em 29 de setembro.
O Catolicismo mantém uma considerável devoção por São Miguel Arcanjo, especialmente demonstrada nas situações em que são efectuados pedidos de livramento dos seus fiéis contra ciladas do demônio e dos espíritos maléficos. Acredita ainda que, durante as orações, e quando o nome do arcanjo é invocado, este defenderá os crentes, com o grande poder que Deus lhe concedeu, protegendo-os contra os perigos, as forças do mal e os inimigos.
A escassa referência das Escrituras à pessoa de Miguel é considerada por alguns como uma demonstração de discrição ou importância relativa que envolve a sua figura. Nas menções efectuadas no livro de Daniel, os teólogos dividem-se acerca da interpretação dessas passagens. Alguns crêem ver neste Miguel aquele que mais tarde Judas designa por "Arcanjo". A maioria, porém, acredita que nestes versículos, Miguel é apenas uma figura que, de acordo com a crítica bíblica, é proveniente da mitologia Persa, com a qual o povo Hebreu contactou aquando do seu Exílio na Babilónia e não identificável com o Anjo com o mesmo nome. [...]
Perspectivas mitológicas
Arcanjo Miguel, por Simon Ushakov.De acordo com alguma angeologia inter-testamentária heterodoxa ("Revelação de Satanás" e "Ascensão de Melquisedec"), retomada posteriormente por cristão gnósticos - que não admitiam que Deus pudesse na verdade ter tocado, andado e vivido num mundo que consideravam perverso e diabólico - e cultos pagãos mistéricos da bacia do Mediterrâneo Oriental - que se serviram desta figura que tão poucas vezes aparece nomeada na Bíblia para estabelecerem pontes com cristãos menos formados -, o Anjo Miguel - "malach Micha'el" - ou o Justo Miguel - "sedek Micha'el" -; não era senão Melquisedeque "Mal'ch sedek" exaltado, glorificado, não sendo, pois, identificável como uma criatura primogénita.
Para estes movimentos que orbitavam o cristianismo primitivo, profundamente influenciados pela corrente filosófica do platonismo - que concebia a sua cosmologia como uma contínua estratificação de seres intermédios entre um demiurgo impotente e indiferente para com a humanidade e a sua criação - "sedek Micha'el" seria a figura do justo por excelência, aquele que, segundo Platão, morreria crucificado.
Misturando esta convicção filosófica com correntes cristãs heterodoxas, passaram a acreditar que, quem morrera na cruz, sob Pôncio Pilatos, afinal não fora senão Melquisedeque sob a aparência de Jesus de Nazaré que, na verdade, segundo estes, jamais existira. Para estes "sedek Micha'el", enquanto andou sobre a Terra debaixo da aparência de Jesus de Nazaré, jamais fora verdadeiramente homem, rejeitando terminantemente que ele tivesse tido a necessidade de comer, beber, dormir, expressar emoções ou realizar necessidades fisiológias pois, se assim não fosse, não teria podido ser um anjo, isto é, um ser puramente espiritual.
Estas convicções, imensamente influenciadas pelas angeologias pagãs e esotéricas que pululavam no Mediterrâneo Oriental, são hoje totalmente tidas como miticas e desprovidas de qualquer valor histórico, embora continuem a formar o pano de fundo para muitas correntes religiosas que tiveram o seu impulso inicial em William Miller. Independentemente da história que rodeia esta figura - e de toda a polémica que surgiu em redor do grande desapontamento acerca do dia que o mesmo previu ser o da vinda definitiva de Jesus/Melquisedeque, com a posterior criação de inumeras teorias da conspiração que geraram uma história, uma politica e uma sociologia paralela e alternativa - a verdade é que a sua impar capacidade de reler estas tradições para o seu tempo, marcaram profundamente milhares de pessoas que, descontente com a realidade e incapazes de viverem nela, nas suas perspectivas miticas e neo-pagãs - num verdadeiro "proto-New Age", ou "New Age avant la lettre" -, misturadas com um cristianismo débil que conheceiam e apreenderam, encontraram uma nova "fuga mundi" escapista."
(Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Miguel_(arcanjo) )
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