segunda-feira, 14 de março de 2011

Glória a nós, Senhor!

... Disse-lhes, pois, Jesus: Se Deus fosse o vosso Pai, certamente me amaríeis, pois que eu saí, e vim de Deus; não vim de mim mesmo, mas ele me enviou.
Por que não entendeis a minha linguagem? Por não poderdes ouvir a minha palavra.
Vós tendes por pai ao diabo, e quereis satisfazer os desejos de vosso pai. Ele foi homicida desde o princípio, e não se firmou na verdade, porque não há verdade nele. Quando ele profere mentira, fala do que lhe é próprio, porque é mentiroso, e pai da mentira.
Mas, porque vos digo a verdade, não me credes.
Quem dentre vós me convence de pecado? E se vos digo a verdade, por que não credes?
Quem é de Deus escuta as palavras de Deus; por isso vós não as escutais, porque não sois de Deus.
Responderam, pois, os judeus, e disseram-lhe: Não dizemos nós bem que és samaritano, e que tens demônio?
Jesus respondeu: Eu não tenho demônio, antes honro a meu Pai, e vós me desonrais.
Eu não busco a minha glória; há quem a busque, e julgue.
Em verdade, em verdade vos digo que, se alguém guardar a minha palavra, nunca verá a morte.
Disseram-lhe, pois, os judeus: Agora conhecemos que tens demônio. Morreu Abraão e os profetas; e tu dizes: Se alguém guardar a minha palavra, nunca provará a morte.
És tu maior do que o nosso pai Abraão, que morreu? E também os profetas morreram. Quem te fazes tu ser?
Jesus respondeu: Se eu me glorifico a mim mesmo, a minha glória não é nada; quem me glorifica é meu Pai, o qual dizeis que é vosso Deus.
E vós não o conheceis, mas eu conheço-o. E, se disser que o não conheço, serei mentiroso como vós; mas conheço-o e guardo a sua palavra.
Abraão, vosso pai, exultou por ver o meu dia, e viu-o, e alegrou-se.
Disseram-lhe, pois, os judeus: Ainda não tens cinquenta anos, e viste Abraão?
Disse-lhes Jesus: Em verdade, em verdade vos digo que antes que Abraão existisse, eu sou.
(João 8: 42 -52)

Vivemos em eterno conflito entre a matéria e o espírito, mesmo quando estamos na espiritualidade. Sentimos falta de tudo que julgamos nos pertencer. Materializamos o espírito, quando deveríamos espiritualizar a matéria, para que pudéssemos nos libertar das amarras a que nos submetemos.

Somos seres moralmente deficitários, pois nos agarramos ao mundo fenomênico, chegando alguns de nós, a acreditar que a vida é uma só e com esta expectativa dirigimos nossos atos enquanto estamos por aqui.

Nosso olhar de encarnados, não nos permite visualizar nossas verdadeiras condições morais e espirituais e a nossa rebeldia milenar nos faz crer que somos injustiçados quando não conseguimos alcançar nossos objetivos mundanos.

Sofremos, imaginamos nós, pelas ações erradas dos outros ou porque Deus nos abandonou, mas nunca por nossas imperfeições, pois no fundo temos a sensação que viemos a este mundo, para aproveitar a vida, ou como se diz, para curtir tudo o que pudermos, seres perfeitos que somos.

Trabalhamos, porque precisamos de dinheiro, estudamos para poder trabalhar, para conseguir dinheiro, para nos tornarmos poderosos e conquistarmos tudo o que quisermos. Imaginamos: Se tivermos dinheiro e poder, teremos tudo.

Mas porque será que sempre acontece alguma coisa que nos impede de conquistar tudo o que almejamos? Porque será que sempre tem algo incompleto a nossa volta? O Universo não "conspirava" a nosso favor? O que deu errado, se fizemos tudo certo? Como pode alguém tão bom como eu, não conseguir isto ou aquilo? Só pode ser inveja! Quem já não teve tais pensamentos, diante da adversidade?

Uma verdade a ser enfrentada por todos nós, é que nos tornamos especialistas em julgar e sentenciar os outros, sem possibilidade de recurso para alguma instância superior, porque é infinitamente mais fácil e menos dolorido descobrir e denunciar os defeitos alheios do que os nossos, até porque nos achamos perfeitos.

Entretanto, outra verdade que teremos que enfrentar é que chegará o dia em que seremos forçados a voltar nosso olhar honesto, não mais para o "argueiro nos olhos dos outros", nem para as coisas que o dinheiro pode comprar, mas para nós mesmos. Dedicaremos nossa atenção, à verdade a nosso respeito, verdade esta, da qual fugimos, insistentemente, ao longo de séculos de existência, porque nos deixamos influenciar pelas aparências e pelas influências do mundo terreno e porque as virtudes cristãs ainda não habitam em nossos corações, a não ser sob a forma de sementes, esperando, pacientemente, que as façamos crescer dentro de nós.

É preciso enxergar além das aparências deste mundo para o qual fomos trazidos para alcançarmos objetivos bem específicos e, após os alcançarmos ou terminado o tempo estabelecido para que os alcançássemos, voltaremos à verdadeira vida.

Entretanto, ao mesmo tempo em que temos medo de nos enxergar e descobrir que não somos as maravilhas que imaginamos, temos também um profundo interesse por atividades mundanas, tais como: vícios de toda ordem, dinheiro, dinheiro, dinheiro & dinheiro, tudo o que ele pode comprar, assim como pelo poder que ele proporciona.

Não conseguimos nos conscientizar que estamos neste mundo de passagem e que dele levaremos os bens imateriais que conseguirmos conquistar. Não significa que por isto, não devamos nos ocupar das questões mundanas, entretanto, não deveríamos dar a elas a prioridade que conferimos, em detrimento das questões que realmente importam, como a nossa evolução.

Parece que temos medo de enfrentar a "fera interior" e descobrir as coisas que escondemos de nós mesmos. Deveríamos ser mansos e pacíficos, mas estamos longe disto, deveríamos ser humildes, mas somos orgulhosos e arrogantes, deveríamos ser caridosos, mas somos egoístas, pois nossas maiores preocupações são o dinheiro e a satisfação de todas as nossas vontades.

Falando em vontades, percebo, na realidade, que somos crianças espirituais, pois sabemos que a oração que Deus nos ensinou, diz: "... seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu..." , assim como sabemos que nada do que foi escrito, o foi em vão, nem é mera formalidade estabelecida por Deus, mas continuamos nos debatendo contra as leis de Deus, manifestando uma rebeldia milenar, que nos atrasa no caminho da felicidade.

A resistência em nos submetermos à luz, só quer evidenciar que as trevas ainda nos chamam mais a atenção do que aquilo que vem da luz, não importando quantas vezes sejamos chamados a segui-la. Nos agarramos às trevas, porque dali vem a satisfação de nossos caprichos.

Não observamos o maior mandamento da Lei de Deus: Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo, como a ti mesmo, mas nos achamos merecedores de todas as regalias terrenas e quando não as conquistamos, imaginamos, imediatamente, que Deus está contra nós e que tudo não passa de uma tremenda injustiça.

Como é difícil abrirmos mão das coisas do mundo e buscarmos o que é do espírito, como é difícil nos "sujeitarmos à Deus e resistirmos ao Diabo" (Tiago 4:7)

Por pior que tenhamos agido, enxergamos primeiro e sempre o argueiro nos olhos dos outros (Mateus 7:5), atribuímos a responsabilidade por nosso insucesso, a qualquer um, menos a nós mesmos.

Não admitimos ser apontados como egoístas, orgulhosos ou vaidosos, mas nos voltamos contra aqueles que ousaram discordar de nós, ou mesmo, não se sujeitaram às nossas vontades.
Cheios de revanchismos, tomamos a justiça em nossas próprias mãos, mas como está escrito em Tiago 4:11 -12: [...] Quem julga a seu irmão, fala mal da lei, e julga a lei; e, se tu julgas a lei, já não és observador da lei, mas juiz. Há só um legislador que pode salvar e destruir. Tu, porém, quem és, que julgas a outrem?

Somos egoístas, vaidosos e orgulhosos, não gostamos de repartir as graças que alcançamos com ninguém, não gostamos de atribuir a Deus a autoria destas graças, pois achamos que só o nosso esforço foi suficiente para alcançarmos isto ou aquilo, além disso, nos vemos moralmente perfeitos e soberanamente justos e, por isso, injustiçados quando somos atingidos em nossos interesses, mas se praticássemos o que está escrito, entederíamos o significado de Tiago 4:13-16:

" [...]Eia agora vós, que dizeis: Hoje, ou amanhã, iremos a tal cidade, e lá passaremos um ano, e contrataremos, e ganharemos;
Digo-vos que não sabeis o que acontecerá amanhã. Porque, que é a vossa vida? É um vapor que aparece por um pouco, e depois se desvanece.
Em lugar do que devíeis dizer: Se o Senhor quiser, e se vivermos, faremos isto ou aquilo.
Mas agora vos gloriais em vossas presunções; toda a glória tal como esta é maligna. [...]

Quando decidirmos lançar o nosso olhar honesto sobre nós mesmos, tomaremos consciência da verdade e tudo o que se relaciona a ela, talvez, então, tenhamos condições de mensurar o valor dos imensos tesouros que Deus nos confiou e que sequer desconfiamos que existem, assim como perceberemos o quanto é importante ter consciência de que só uma vontade é realmente importante: a de Deus, porque ele sabe o que faz, por piores que pareçam as circunstâncias.


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