segunda-feira, 31 de maio de 2010

Exercício de Amor

Não vos inquieteis pela posse do ouro, ou da prata, ou de outra moeda em vossa bolsa. Não prepareis nem um saco para o caminho, nem duas roupas, nem sapatos, nem bastão, porque aquele que trabalha, merece ser alimentado.
Em qualquer cidade ou em qualquer vila que entrardes, informai-vos de quem é digno de vos alojar, e permanecei com ele até que vos fordes. Entrando na casa, saudai-a dizendo: Que a paz esteja nessa casa. Se essa casa dela for digna, vossa paz virá sobre ela; e se ela não for digna, vossa paz retornará a vós.
Quando alguém não quiser vos receber, nem escutar vossas palavras, sacudi, em saindo dessa casa ou dessa cidade, o pó de vossos pés. Eu vos digo em verdade , no dia do julgamento , Sodoma e Gomorra serão tratadas menos rigorosamente do que essa cidade. (Mateus, Cap. X, v. de 9 a 15)
(Evangelho Segundo o Espiritismo - Capítulo XXV - Não coloqueis a Candeia sob o Alqueire)
Refletir sobre as palavras de Cristo nunca é tarefa fácil, ainda mais quando analisamos uma passagem da Bíblia com conteúdo moral tão profundo e que pode ser vista sob tantos pontos de vista, como esta.
Sob um enfoque, entretanto, podemos partir do princípio de que somos todos espíritos imortais, temporariamente, utilizando um corpo físico (material), para que possamos nos exercitar na lição maior deixada por Cristo: o Amor.
O maior mandamento, nos ensina o Evangelho, é: 'Ama a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a ti mesmo.'
Entretanto, criaturas milenares que somos, ainda não apreendemos a amar nem a nós mesmos, que dirá ao próximo, mais próximo ou a Deus, o Criador de todas as coisas.
Por isso, acredito que reencarnamos: para exercitarmos o amor.
O exercício em questão exige em nossa 'bagagem' de reencarnados, não as roupas, o alimento do corpo, sapatos ou bastão, mas os ensinamentos do Cristo.
Apesar disto, reencarnamos e perdemos de vista o propósito que nos trouxe a este abençoado planeta, esquecendo o que é do espírito e passando a nos ocupar, quase que de forma exclusiva, com o que é da matéria.
Assim, nos afastamos de Deus, preocupados com as múltiplas questões atinentes à vida de encarnados e, esquecidos de que esta é uma fração de segundo para o espírito, deixamos o aprendizado de lado, agregando em nossa bagagem espiritual, a única verdadeira, mais obstáculos à felicidade, criados pela nossa invigilância.
O forte apelo consumista, o dinheiro, status social e econômico, consomem a maior parte do tempo em que permanecemos acordados, quando a nossa preocupação principal, deveria ser o exercício do amor em tudo o que fazemos, ou em tudo o que deixamos de fazer.
Assim, sem confiar em Deus, pouco aproveitamos a oportunidade que Ele nos dá, para exercitarmos o amor a nós mesmos, pois continuamos sem nos aceitar como seres em evolução, sem perdoar as nossas imperfeições, não nos olhando com olhos de amor, nem tomando consciência, mesmo aos poucos, que somos ricos, pois sequer desconfiamos da magnitude de nossas experiências, conhecimento e do poder de nossa inteligência e que estes constituem o nosso verdadeiro patrimônio, dispensando qualquer excesso materialista de nossa parte.
Perdemos a oportunidade, de exercitar também, o amor ao próximo, ao não entender que todos somos um e que, por isso, o sofrimento alheio poderia e deveria ser amenizado, quando surgem as oportunidades, pois não seremos felizes verdadeiramente, enquanto tiver algum irmão nosso sofrendo. Igualmente, poderíamos aproveitar a oportunidade da reencarnação para debitar aquilo que julgamos serem as faltas dos nossos irmãos, ao fato incontestável de que ninguém vai à escola, se cumpriu todo o calendário escolar.
Via de consequência, se estamos todos no mesmo planeta, denominado no plano espiritual de "escola", o verbo falhar deveria ser conjugado em todas as suas formas, evitando que nos preocupássemos mais em julgar e condenar nossos irmãos, do que com o nosso aperfeiçoamento espiritual.
A parte relativa ao amor a Deus sobre todas as coisas, passa ao largo de nossas preocupações enquanto encarnados, na medida em que não confiamos em sua Bondade, Justiça e Perfeição, mesmo tendo sido alertados por Cristo, para a necessária confiança Nele:
"Não se vendem cinco passarinhos por dois ceitis? E nenhum deles está esquecido diante de Deus.
E até os cabelos da vossa cabeça estão todos contados. Não temais pois; mais valeis vós do que muitos passarinhos. [...]" (Lucas 12, v. 6 e 7)
Forçoso concluir, portanto, que estamos longe de entregar a Deus, o nosso amor incondicional, de trazer a certeza do Seu amor em nossos corações. O amamos enquanto não sofremos qualquer contrariedade em nossos interesses mundanos.
Quando nos falta a saúde, o dinheiro, a comida, o trabalho e tantas outras preocupações próprias de espíritos encarnados, sem meditar um segundo sequer de nossas vidas, acerca do profundo significado da oração do Pai Nosso, nos deixamos dominar pelo sentimento de revolta e passamos a acreditar que Deus nos abandonou.
A verdade, entretanto, é que raramente oramos e raramente nossas preces vêm do coração. Na maioria das vezes, nossa conversa com Deus é muito similar à dos fariseus.
Esquecemos, inclusive, de orar pedindo orientação, como não lembramos de orar para agradecer as imensas riquezas que Deus nos dá todos os dias de nossa vida, por acreditarmos mais neste mundo, do que em Seu Reino.
Agnes Sobbé

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