Não podeis servir a Deus e a Mamon; retende bem isto, vós a quem o amor do ouro domina, vós que venderíeis vossa alma para possuir tesouros, porque eles podem vos elevar acima dos outros homens e vos dar as alegrias das paixões; não, não podeis servir a Deus e a Mamon! Se, pois, sentis vossa alma dominada pelas cobiças da carne, apressai-vos em sacudir o jugo que vos oprime, porque Deus, justo e severo, vos dirá: Que fizeste, dispenseiro infiel, dos bens que te confiei? Esse poderoso móvel das boas obras, não fizeste senão à tua satisfação pessoal.
Qual é, pois, o melhor emprego da fortuna? Procurai, nestas palavras: "Amai-vos uns aos outros", a solução do problema: aí está o segredo de bem empregar as riquezas. Aquele que está animado de amor ao próximo tem sua linha de conduta toda traçada; o emprego que apraz a Deus é o da caridade; não essa caridade fria e egoísta que consiste em derramar em torno de si o supérfluo de uma existência dourada, mas essa caridade cheia de amor que procura o infeliz, que o reergue sem humilhá-lo. Rico, dá do teu supérfluo; faze melhor: dá do teu necessário, porque o teu necessário ainda é supérfluo, mas dá com sabedoria. Não repilas o queixume com medo de seres enganado, mas vai à fonte do mal; alivia primeiro, informa-te, em seguida, e vê se o trabalho, os conselhos, a afeição mesma não serão mais eficazes do que a tua esmola. Espalha ao redor de ti, com o bem-estar, o amor de Deus, o amor ao trabalho e o amor ao próximo. Coloca tuas riquezas sobre um capital que não te faltará jamais e te trará grandes interesses: as boas obras. A riqueza da inteligência deve te servir como a do ouro; espalha ao redor de ti os tesouros da instrução; espalha sobre os teus irmãos os tesouros do teu amor, e eles frutificarão.
( Chevreus, Bordeus, 1861 - O Evangelho Segundo o Espiritismo - Capítulo XVI)
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