quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Se ...

Se és capaz de manter a tua calma quando todo o mundo ao teu redor já a perdeu e te culpa;
De crer em ti quando estão todos duvidando, e para esses, no entanto, achar uma desculpa;
Se és capaz de esperar sem te desesperares, ou, enganado, não mentir ao mentiroso, ou, sendo odiado, sempre ao ódio te esquivares e não parecer bom demais, nem pretensioso;
Se és capaz de pensar - sem que a isso só te atires;
Se encontrando a desgraça e o triunfo, conseguires tratar da mesma forma a esses dois impostores;
Se és capaz de sofrer a dor de ver mudadas em armadilhas as verdades que disseste e as coisas, por que deste a vida, estraçalhadas e refazê-las com o bem pouco que te reste;
Se és capaz de arriscar numa única parada tudo quanto ganhaste em toda a tua vida e perder e, ao perder, sem nunca dizer nada, resignado, tornar ao ponto de partida;
De forçar coração, nervos, músculos, tudo... a dar seja o que for que neles ainda existe e a persistir assim quando, exaustos, contudo, resta a vontade em ti que ainda ordena: "Persiste!";
Se és capaz de, entre a plebe, não te corromperes e, entre reis, não perder a naturalidade e de amigos, quer bons, quer maus, te defenderes;
Se a todos podes ser de alguma utilidade e se és capaz de dar, segundo por segundo ao minuto fatal todo o valor e brilho, tua é a terra com tudo o que existe no mundo e o que mais - tu serás um homem, meu filho!
Rudyard Kipling

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