A vingança é uma inspiração tanto mais funesta quanto a falsidade e a baixeza são suas companheiras assíduas; com efeito, aquele que se entrega a essa fatal e cega paixão não se vinga quase nunca a céu aberto. Quando é o mais forte, precipita-se como um animal feroz sobre aquele a quem chama seu inimigo, quando a visão deste vem inflamar sua paixão, sua cólera e seu ódio. Mas, o mais frequentemente, ele reveste uma aparência hipócrita, em dissimulando, no mais profundo do seu coração, os maus sentimentos que o animam; toma caminhos escusos, segue na sombra seu inimigo sem desconfiança, e espera o momento propício para atingi-lo sem perigo; esconde-se dele, espreitando-o sem cessar; arma-lhe emboscadas odiosas e derrama-lhe, chegada a ocasião, o veneno no copo.
Quando seu ódio não vai até esses extremos, ele o ataca, então, em sua honra e em suas afeições; não recua diante da calúnia, e suas insinuações pérfidas, habilmente semeadas para todos os ventos, vão crescendo pelo caminho. Por isso, quando aquele que persegue se apresenta nos lugares onde seu sopro envenenado passou, espanta-se de encontrar rostos frios onde encontrava, outras vezes, rostos amigos e benevolentes; fica estupefato quando mãos que buscavam a sua se recusam a apertá-la agora; enfim, fica aniquilado quando seus amigos mais caros e seus parentes se desviam e fogem dele. Ah! o covarde que se vinga assim é cem vezes mais culpável do que aquele que vai direto ao seu inimigo e o insulta de rosto descoberto.
(Trecho do Evangelho Segundo o Espiritismo - Capítulo XII - Amar o Próximo como a si mesmo)